sábado, 30 de dezembro de 2006

Reminescências

Era agosto de 2006

Lembro-me bem da primeira vez que me deitei para dormir aqui no solar... o colchão mansamente pousado no chão. Corpo estático, braços abertos, em forma de cruz, volto os olhos para o teto branco e fico ali, buscando o sono... na hora pensei em ouvir algum CD de Billie Holliday, mas o corpo cansado da mudança não obedeceria o comando mental com tanta facilidade... na falta da diva, cantarolei uns versos esparsos...


In my solitude
You taunt me
With memories
That never die

Solitude é uma bela palavra. Está no francês, no inglês... No espanhol, é solitud... em português, solidão... intensa, dramática, pesadona... solidão, so-li-DÃO... para que tanta carga... naquele tempo eu tinha medo dessa palavra, desse sentimento de abandono, dessa impressão de ser o último dos últimos... não demorou e eu percebi a diferença entre
estar sozinho e estar na solidão... Nem de ajuda profissional precisei... Sentiu solidão? Ligue para os amigos e chame-os para perto de si... Acredite, pois é verdade: eles não lhe faltarão... Isso é diferente de estar sozinho, ou seja, você vive sozinho e tem o total controle de sua casa, de seus horários, acorda e dorme quando bem quer... sai de casa com a pia entupida de louça ou não... Lava se quiser, quando quiser, sem satisfação ou cobranças... Sozinho, aprendi a me conhecer, com meus limites e imperfeições... na solidão é diferente e não lhe dou trégua... essa briga eu compro e saio pra vida e pago o preço...


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