sábado, 30 de dezembro de 2006

Noite feliz

Dia desses, aliás na madrugada de natal, Letícia e Venicio vieram ao solar... a idéia era a básica: uma noite feliz... Logo, tivemos música, papo furado, uns joguinhos e uma rápida incursão à cozinha do solar para um risoto. Gorgonzola? SIM!!! Peras? Não tem... meio pacotinho de damascos secos salvaram a noite e assim nasceu o arroz abaixo.

Risoto Round Midnight

Ingredientes

- 2 xícara(s) (chá) de arroz arbório
- 7 xícara(s) (chá) de água fervente com caldo legumes (pode ser os cubinhos)
- 60 gr de damascos secos cortaddos em tiras
- 1 cebola picada
- 60 gr de manteiga
- 2 xícaras de vinho branco

- meio triangulo de gorgonzola

- pimenta do reino moída na hora

- caldo de legumes

- quanto baste de salsinha picada(s)

Preparo



Antes do preparo, reidrate o damasco por pelo menos 20 minutos numa tigela com água. Separe 2/3 da manteiga e frite a cebola. Quando ela estiver começando a ficar transparente (antes de dourar), coloque o arroz, deixe cozinhar (sempre mexendo) por uns dois minutos. Passado esse tempo, despeje o vinho e o damasco e continue mexendo (sempre!!!!). Acrescente o gorgonzola, sempre mexendo... Vá acrescentando uma concha do caldo de legumes sempre que secar (sempre mexendo!!!!). Adicione a pimenta do reino a gosto. Por volta da sexta concha, o arroz deverá estar começando a ficar al dente (experimente a consistência dele...) No fim do cozimento, acrescente salsinha e passas (opcional)... Use o restante da manteiga para misturar ao risoto já com o fogo desligado... opcional: um pouco de parmesão ralado (em lascas grossas) quando for misturar a manteiga... use um pouco da salsa picada fresca para decorar o prato. Vinho? Eu fui de Chardonnay... mas faça o que quiser...

Um comentário:

Unknown disse...

Esse moço me garantiu que era bom no risoto e eu, pra não ficar no atraso, revidei dizendo que era um talento na poesia...

Foi o que me veio na hora... E agora José? Ele já até publicou a receita!!! Tenho eu então a obrigação de colocar algo aqui... Bom, vai uma que não é minha (obra de Mário de Sá Carneiro e que me emociona sempre que leio), e outra que fiz. A esta quem não apreciar saiba que tem meu total apoio... =(

Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou...
Momentos de alma que, desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Mário de Sá Carneiro
Paris, 13 de maio de 1913

Conta dizendo em som atropelado,
Da alegria
De ser jovem e Deus,
Dono do mundo;
Da vida;
Do pranto dos olhos teus
Vibra ao lábio que treme
À delicadeza do azul,
À nobreza do ser
À beleza de ter
O mar por companheiro;
O céu por confidente;
A flor por amiga;
E a mim
E ao mundo: por crente.
Você virá?
Nosso encontro... lembra-se?
Uma tarde numa praça
Você me disse
Com certa graça,
Que amar se faz sorrindo.
E eu respondi
Que amar mas se faz não sorrindo ao sorriso da dor.
Você negou.
Agora eu choro.
Que importa meus olhos a cor?
Se vermelhos estão
É porque deles preciso o pranto.
Vamos, venha!
Dê-me sua mão
Você é, e terá de mim
Carinho, ternura, verdade, a própria flor.
Venha. Volte.
Eu quero
Desejo
Te amo, adoro
E espero, espero...

Nathalia Conde